São cerca de 22m², paredes brancas, uma janela uma porta. O piso é idêntico ao restante da casa, uma cerâmica bege de boa qualidade colocada com a mesma preguiça de quem construiu o prédio, que para ser belo bastava capricho na construção e uma boa manutenção periódica
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22m² tem o meu quarto. Lugar de descanso de estudo, onde eu fumo escondido de mim mesmo, nele eu ensaio toda semana uma breve organização, breve porque dura em média dois a três dias pra acabar e dura apenas algumas horas. É também no meu quarto que eu traço meus novos planos e objetivos, que por sua essência já nascem sabotados pela minha inconstância.
Este é o maior quarto da casa, escolhido por mim, já que sou eu quem paga a maior parte do aluguel, e também por conta disso ouço os maiores “alugueis” que saem da boca da minha mãe, que se esquece que é mera convidada.
Não é apenas um capricho meu, eu preciso do maior quarto, e quem dera fosse maior pra que a minha bagunça organizada pudesse ser mais bem distribuída. Já faz cinco meses que moro aqui, e ainda tenho caixas a desfazer. Alias caixas é o que não me falta, tenho a das roupas sujas, as que guardam roupas pequenas de mais ou grandes de mais pra serem usadas e que não tenho coragem de me desfazer, tem a caixa das apostilas da faculdade, a de suprimentos de informática, que inclui até coisas que não funcionam mais... Enfim, tem até uma grande caixa que se quer faço idéia do que tem dentro. São coisas de mais.
Mas tudo não passa de um espelho, que reflete nada mais de quem eu sou. Um cara até bonitinho e cheio de qualidades, mas que não se ocupa das manutenções necessárias, Um interior bagunçado que até ensaia uma organização, mas que não permanece assim por muito. E com coisas de mais, demais até pra um rapaz que acaba de completar 26 anos.
Coisa que já poderiam e de fato já devia ter jogado fora, pra permitir uma melhor disposição das coisas necessárias. Coisas como uma caixa grande cujo conteúdo desconheço e tenho preguiça de descobrir.
Thiago Bressa Simões
