8 de nov. de 2010

“deny me and be damned”

Algum tempo atrás observei essa frase em um trecho de um filme, que eu particularmente adoro, e que até poucos dias era o meu filme favorito. Acho que já falei sobre ele, ou foi meu amigo Léo Tavares, enfim não tem problema; mais importante é a referência: Hedwig and the Angry Inch. Escrito, dirigido e estrelado por John Cameron Mitchell (obs: um gato) enfim. Esse filme veio à memória por conta da sua adaptação recente para o teatro através da direção de Evandro Mesquita, o garoto Blitz, que hoje nem é mais garoto, (risos), que até agora segundo minha opinião pecou por apenas um ponto: a escolha de Paulo Vilhena como um dos atores principais do musical, já que na adaptação o personagem Hedwig é interpretado por dois atores ao mesmo tempo, Pierre Baitelli e Paulo Vilhena. Já a atuação de Pierre Baitelli, dizem as bocas malditas, que esta espetacular cênica e musicalmente falando.      
Mais importante ainda que John Cameron Mitchell, ser ou não bonito, ou quem faz o que no espetáculo que eu ainda não assisti por pura falta de oportunidade geográfica; é a frase título deste post. “deny me and be damned” que traduzido de forma tosca pelo Google tradutor, quer dizer: Negue-me e seja amaldiçoado. Pois este é o real objeto e intenção deste texto.
Essa frase colocada ao fim de uma “apresentação musical do fictício grupo” no filme, faz referência à visão de um deus cruel que pune aos seus fieis, filhos, através da condenação eterna, caso esse faça algo que difere das suas regras e fundamentos. Mais precisamente falando sobre sexualidade. Observando assim nem nos damos conta da proximidade em que nos encontramos desta realidade. Fato é que o cristianismo vivido no Brasil e no mundo nada mais é que a personificação deste princípio, não somente pelos seus fundamentos teológicos derivados da religião mais preconceituosa e determinista que existe, o judaísmo; mais pelos próprios executores e autoridades que são responsáveis pela propagação e manutenção desta religião.
Acredito que todos saibam das minhas origens, e por isso me sinto embasado tanto em conhecimento e discernimento para fazer essa analise, sim eu era um desses. Nascido criado e fundamentado nos princípios cristãos eu corroborava desses pensamentos e ao mesmo tempo era vítima deles.
Existia em mim um sentimento opressor que me empurrava de encontro a milhões de sentimentos naturais e inerentes a minha vontade.

No filme, Hansen, nome de batismo do transexual Hedwig que vive a divisão da Alemanha em 1961;  também vivenciava essa opressão, ouvia de diversas formas da figura de Jesus Cristo, dos seus feitos e de suas leis, desta maneira também se oprimia, até que da pessoa que ele menos esperava ouviu a melhor das definições que eu também já ouvi acerca desta figura histórica.  Em uma cena com sua mãe, Hansen diz: Jesus é bom! Sua mãe prontamente lhe responde: Não diga tolices... Ao que ele responde: Mas ele morreu para nos salvar. E finalizando ela retruca: Hitler também! Observando as características regionais, políticas e sociais no qual o filme esta inserido.
Mais importante do que o exemplo dado pela mãe do Hansen, é observar por meio desse as coisas que acontecem e as figuras que se levantam em nome de uma causa que a seu ver é válida e justificável, quantos genocídios ao redor do mundo aconteceram em nome dessas causas? Quantas determinações e exclusões já aconteceram e continuam a acontecer mesmo que de forma camuflada por uma ou outra denominação religiosa. São atrocidades que se fazem em nome de deus, um deus que eu desconheço; um deus que se fundamenta no terror psicológico, e que dissemina esse terror através dos fundamentos humanos, de quem quer justificar seus medos e tabus. 
“deny me and be damned...”

"Temos a arte para não morrer da verdade."
Nietzsche

3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei amigo, não sabia desse musical... adoro musicais. Crítica dessa nossa cegueira... é tão mais fácil aceitar o que nos impõem à questionarmos e decidirmos ser verdadeiramente livres em nossas escolhas... livres mesmo que seja para escolher o que é imposto. Nós naturalmente já quebramos alguns paradigmas fica mais fácil essa visão crítica! Bjos ahhh tbm não gosto do Paulinho Vilhena rs Felipe Belo

Anônimo disse...

AAhhhh sabia que vc era cabeção (só conheço uma).. mas nao que escrevia tão bem.... academia terá um vanguardista hehehehehe

Gilberto disse...

O comportamento da maioria dos humanos dentro de grupos como os religiosos que você citou, nada mais é do que o que podemos chamar de "comportamento de rebanho". É muito mais fácil seguir regras do que quebrá-las. Além disso, a maioria de nós procisa de uma liderança, como formigas, precisamos ser guiados, orientados. Sorte termos alguns que quebram este preceito e seguem livremente, como você. Muito bem escrito, continue assim e o blog irá crescer muito.
Ps1: Tenho medo de uma história tão boa quanto a do Hedwig percam seu valor na tentativa de ficar mais "comercial".
Ps2: I love you.